Evento
QUINTA 12 NOVEMBRO, 19H30
Andy Sheppard saxofones tenor e soprano
Mário Delgado guitarras
Hugo Carvalhais contrabaixo
Mário Costa bateria
Uma figura importante do jazz britânico, Andy Sheppard (n. 1957, Reino Unido) é um saxofonista com uma notável carreira de quatro décadas como compositor e colaborador de nomes maiores da música da segunda metade do século XX, tais como Carla Bley ou Gil Evans, entre muitos outros. Desde o início um músico com ambições criativas para além da mera execução técnica de uma linguagem musical, Sheppard editou o seu primeiro álbum em nome próprio em 1987, acompanhado por uma formação de instrumentistas que incluía o saxofonista Randy Brecker e o baixista Steve Swallow, dois nomes incontornáveis do jazz contemporâneo. Desde então, este músico britânico tem desenvolvido um trabalho consistente e íntegro de composição para diferentes projetos musicais que o levou a estabelecer-se, em 2009, como artista da prestigiada editora ECM e para os quais contou ao longo do tempo com a colaboração de inúmeros instrumentistas de renome como Han Bennink, Naná Vasconcelos ou, mais recentemente, o guitarrista Eivind Aarset.
Mário Delgado (n. 1962, Águeda) é indiscutivelmente um dos nomes mais influentes da música portuguesa, entendida em sentido lato, dos últimos trinta anos. Uma das figuras mais destacadas, ao lado de outros músicos como Carlos Bica, Carlos Martins, Maria João ou Mário Laginha, da geração que introduziu o jazz no espetro mainstream da criação musical nacional, através de diversos projetos como, por exemplo, o trio de Carlos Barreto e o grupo TGB, para citar apenas alguns dos mais conhecidos). Ao longo do tempo, no entanto, Delgado foi transcendendo o território jazzístico para se dedicar, com a sua identidade musical própria, a relações de cumplicidade artística com alguns dos mais reconhecidos criadores da música portuguesa, entre eles Vitorino, Cristina Branco ou Jorge Palma.
Contrabaixista autodidata e com formação superior em Pintura, Hugo Carvalhais é, não apenas pelos antecedentes formativos do seu percurso mas também, e sobretudo, pela originalidade do trabalho criativo, um caso invulgar no jazz português. Num período de dez anos, Carvalhais editou três álbuns em nome próprio (“Nebulosa”, “Particula” e “Grand Valis”), nos quais contou com a colaboração, entre outros, do saxofonista avant-jazz Tim Berne e do violinista francês Dominique Pifarély. Estes trabalhos refletem um compositor com uma visão pessoal da criação contemporânea e uma ambição clara de expansão das possibilidades expressivas do jazz através da incorporação de novos sons e referências extramusicais, qualidades que lhe mereceram o reconhecimento da crítica jazzística nacional e internacional. Um músico discreto e menos interessado na circulação colaborativa habitual no meio jazzístico do que na afirmação de uma identidade artística forte e definida (apesar de colaborações pontuais com músicos de relevo como Sheila Jordan e Julian Argüelles), Hugo Carvalhais é atualmente um dos nomes de referência na música contemporânea portuguesa.
Mário Costa (n. 1986) é um baterista importante da vaga terceiro-milenar do jazz português cujo percurso recente tem merecido a atenção tanto dos seus pares como da crítica especializada. Um músico tecnicamente evoluído e altamente criativo, Costa integrou alguns dos projetos jazzísticos mais interessantes dos últimos anos em Portugal, como a formação que deu origem a “Nebulosa”, o primeiro álbum em nome próprio de Hugo Carvalhais, e no circuito internacional, sendo esse o caso do grupo "Sfumato" liderado pelo conceituado saxofonista francês Émile Parisien que conta também com as colaborações de músicos de dimensão global como Wynton Marsalis e Joachim Kühn. Em paralelo, o baterista tem desenvolvido um trabalho em nome próprio que deu origem à gravação do álbum “Oxy Patina” (2018), no qual Mário Costa surge acompanhado por Marc Ducret e Benoît Delbecq.
O projeto “Costa Oeste” é o resultado da relação de proximidade que Andy Sheppard mantém com Portugal, país onde vive há alguns anos, e expressa a sua vontade de incorporar nas suas composições a influência da paisagem e da musicalidade de uma geografia adoptiva. O tom lírico e centrado na expressividade melódica do saxofonista britânico encontra neste quarteto um contraponto de elementos contrastantes e improváveis que, de acordo com os músicos, procura uma “sinergia de diversas línguas musicais”.