Evento
SEXTA 13 NOVEMBRO, 19H30
Peter Evans | Duo Set (1ª parte) + The Book of Void (2ª parte)
Duo Set
Peter Evans trompetes
Gabriel Ferrandini bateria e percussão
The Book of Void
Peter Evans trompetes, composições
João Barradas acordeão
Demian Cabaud contrabaixo
Peter Evans é atualmente um dos músicos do campo musical jazzístico com maior projeção mediática. Várias razões concorrem para este estatuto. Em primeiro lugar, como é natural, a sua grande capacidade técnica como instrumentista e a sua originalidade como compositor, mas também, e eventualmente será esse o grande mérito deste trompetista norte-americano, o seu posicionamento enquanto artista de fronteira para quem o ato criativo é, na sua essência, um cruzamento de linguagens e forças musicais. No trabalho de Peter Evans, o universo de criação é efetivamente um corpo expansivo que se desdobra em processos colaborativos destinados à gestação de uma música simultaneamente inovadora e legível à luz dos cânones da música ocidental do século XX. É precisamente nesse espetro criativo que se enquadra o concerto duplo de Peter Evans nesta edição do Guimarães Jazz, desdobrado em dois projetos de caraterísticas muito distintas. Acompanhado, em ambos os momentos, por alguns dos músicos mais proeminentes da cena musical portuguesa, a primeira formação será em duo com o baterista Gabriel Ferrandini (uma colaboração que transita do passado recente de colaboração entre os dois músicos e que deu origem a várias atuações ao vivo) e explorará previsivelmente territórios mais próximos da improvisação e do pós-free em construção nas margens da música do início do terceiro milénio; o segundo concerto será por sua vez protagonizado por um trio em que o trompetista será secundado pelo acordeonista João Barradas e pelo contrabaixista Demian Cabaud, dois nomes importantes do jazz português e que, pela sua identidade musical, sugerem a expetativa de uma performance mais definidamente enquadrada nos cânones da tradição jazzística.
Peter Evans (n. 1981, EUA) começou a notabilizar-se na cena musical norte-americana quando, após um período alargado de formação musical avançada, fundou o seu quinteto em nome próprio, ao lado, entre outros músicos de relevo, do notável baterista Jim Black. A sua passagem temporária pela banda Mostly Other People Do The Killing contribuiu para a afirmação de um trompetista que, desde então, tem desenvolvido um corpo de trabalho multifacetado em colaboração com coletivos de improvisação (como é o caso do grupo Rocket Science do qual fazem também parte Evan Parker, Craig Taborn e Sam Pluta) ou com um espetro alargado de criadores importantes da música contemporânea – John Zorn, Kanye West, Ikue Mori ou Anthony Braxton são alguns exemplos, entre muitos outros. Tão ou mais importante do que a extensão poliédrica do seu labor colaborativo é, no entanto, o tour de force criativo de Peter Evans enquanto compositor para diversos ensembles e também pela exploração de um trabalho musical e performativo a solo.
Gabriel Ferrandini é um dos nomes em destaque da música improvisada portuguesa da segunda década do século XXI, fazendo parte de um grupo de criadores de diversas áreas musicais que contribuíram nos últimos dez anos para o surgimento de um movimento sustentado numa abordagem experimental e fluida ao jazz. Colaborador de vários músicos internacionais de relevo (desde Nate Wooley até Thurston Moore), o percurso de Ferrandini é marcado decisivamente também pelo seu trabalho no Red Trio e no Rodrigo Amado Motion Trio. Mais recentemente, o baterista editou em álbum o seu primeiro projeto composicional em nome próprio (e que deu origem ao álbum “Volúpias”, de 2019) e iniciou um projeto em duo com o saxofonista Ricardo Toscano.
Apesar da sua juventude, João Barradas é atualmente um dos músicos portugueses com maior visibilidade e reconhecimento no circuito jazzístico internacional. Acordeonista multipremiado com uma atividade desdobrada em diferentes campos musicais (jazz, música clássica e improvisação), Barradas iniciou a sua carreira discográfica em 2011 com o álbum “Surrealistic Discussion”, em parceria com o prestigiado tubista Sérgio Carolino, e, desde então, o virtuosismo técnico e a capacidade expressiva deste instrumentista permitiram-lhe alcançar um estatuto artístico assinalável tanto enquanto intérprete de reportório clássico como enquanto compositor e improvisador em territórios vinculados ao jazz, em nome próprio ou em colaboração com nomes influentes da música global como Gil Goldstein ou Tito Paris, entre outros.
Demian Cabaud (n. 1981, Buenos Aires) é um contrabaixista argentino graduado na Berklee College of Music, em Boston (EUA), e desde 2004 sedeado em Portugal, onde tem contribuído para a emergência de uma nova geração de músicos de jazz. Membro da Orquestra de Jazz de Matosinhos, Cabaud é um colaborador regular de alguns dos nomes mais influentes da cena jazzística nacional, como João Pedro Brandão, Susana Santos Silva ou Marcos Cavaleiro, e tem desenvolvido nos últimos anos um trabalho consistente como líder e compositor em projetos que contam com a participação músicos de renome internacional como Ohad Talmor ou Gerald Cleaver, entre outros.